Colóquio Mato-grossense de Educomunicação: 2025-08-24

Mesa de abertura

Entre os dias 21 e 23 de agosto, o IV Colóquio Mato-Grossense de Educomunicação, reuniu pesquisadores, professores, cineastas indígenas, jornalistas e estudantes para debater os desafios da educação na perspectiva educomunicativa em diálogo com a interculturalidade e as culturas indígenas.

A abertura oficial contou com a presença de parceiros e autoridades que demonstram a importância da temática no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP30.

Com três mesas redondas, uma roda de conversa e quatro grupos de trabalho, as discussões que aconteceram em Cáceres e Barra do Bugres foram transmitidas pelo YouTube nos canais Unemat Oficial e Educom.Jor.

Mais de 280 participantes de 15 estados brasileiros (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina) e do Reino Unido se inscreveram no evento. Dentre eles, as comunidades indígenas de 32 Povos de Mato Grosso e uma do Amazonas, participaram como ouvintes, autores e convidados.

Dos 34 trabalhos inscritos, 29 foram apresentados, demarcando a localidade de autores de todas as regiões do país, sendo 11 do Centro-Oeste, 7 do Norte, 3 do Sul, 2 do Nordeste e 2 do Sudeste.

Com uma programação diversificada, o Colóquio reafirmou a importância da educomunicação como campo de construção coletiva de saberes, aproximando universidade, sociedade e comunidades tradicionais com atenção para a emergência climática.

Mesa de autoridades

O IV Colóquio trouxe duas mesas de autoridade, com a presença de parceiros do evento que demonstram a importância da temática no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP30.

No primeiro dia, a execução do hino nacional na língua Tikuna deu a tônica à temática. Além das coordenadoras do evento e do curso de Jornalismo, Antonia Alves Pereira e Roscéli Kochhann, respectivamente, participaram autoridades da Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat e da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação – ABPEducom.

O presidente da ABPEducom, professor Ismar de Oliveira Soares, relembrou uma das ações do Educom.rádio-Centro-Oeste que aconteceu numa escola do povo Xavante com a participação das mulheres.

A Reitora da Unemat, professora Vera Lúcia da Rocha Maqueâ pontuou a relevância da questão ambiental para os dias atuais, destacando a importância do IV Colóquio no contexto de atuação da Unemat. Outros participantes da Unemat foram: a Pró-Reitora de Ensino de Graduação Nilce Maria da Silva; o Assessor de Gestão de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Rivanildo Dallacort; a Diretora de Gestão de Saúde da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, Aline Cristina Araujo Alcantara Rocha; e o Diretor da Agência de Inovação da Unemat - Aginov, Fernando Selleri.

Após a roda de conversa com os cineastas indígenas no dia 23 de agosto, a mesa de encerramento contou a presença e fala do Diretor Político-Pedagógico e Financeiro do Câmpus de Barra do Bugres, professor Eduardo José Oenning Soares; do diretor da Aginov Fernando Selleri; da Débora Tupiniquim, especialista em Indigenismo da Coordenadoria Regional do Xingu da Fundação Nacional dos Povos Indígenas; e das líderes do grupo de pesquisa Jornalismo, Educomunicação e Cidadania – Educom.Jor, Antonia Alves Pereira e Rosana Alves de Oliveira.

Como encerramento, a trajetória do IV Colóquio Mato-grossense de Educomunicação foi apresentada por meio de fotos das quatro edições. Tudo começou com duas mesas-redondas no interior do SemiEdu 2014 em Cuiabá, seguida por uma palestra e lançamento da terceira edição da revista Se Liga, em Alto Araguaia, com a presença do professor Ismar.

Dois anos depois, “A contribuição da Educomunicação para projetos de extensão universitária” foi o tema da segunda edição, um evento híbrido, em Alto Araguaia. Em plena pandemia. Após esse evento, foi criado o Educom.Jor em 2017, passando esse grupo a organizar as edições do Colóquio. Em plena pandemia, a edição trouxe o tema “Educomunicação, BNCC e fortalecimento da cidadania”, em 2020.

Nesta quarta edição, a “Educomunicação Socioambiental, Intercultural e Indígena” fez o evento olhar para os povos originários de Mato Grosso e do Brasil.

Três mesas e uma roda de conversas

A primeira mesa-redonda, com o tema central do encontro, foi mediada pela professora Roscéli Kochhann – “Educomunicação Socioambiental, Intercultural e Indígena. Participaram convidados vindos do Reino Unido, de São Paulo e do Paraná – a documentarista e professora da Universidade de Bournemouth, Carolina Machado Oliveira; a pesquisadora do NCE-USP e IB/USP, Carmen Gattás; o presidente da ABPEducom Ismar de Oliveira Soares; e o professor da Unila, Mário Ramão Villalva. O momento proporcionou reflexões a partir das riquezas e desafios do trabalho com a questão ambiental e indígena.

No segundo dia, a programação iniciou com a mesa-redonda sobre os objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ações de extensão sob a mediação de Cristiane Parente, diretora da Iandé Comunicação e Educação. Os convidados foram a jornalista Sucena Shkrada Resk, que atua com jornalismo socioambiental independente; o vice-presidente da ABPEducom, Dr. Maurício da Silva, que apresentou o projeto “Caminho das Águas”, fomentado pelo Ministério da Cultura; e o professor Dr. Lawrenberg Advíncula da Silva, que compartilhou experiências de projetos de extensão junto a aldeias indígenas de Mato Grosso desenvolvidos a partir do curso de Jornalismo da Unemat.

Ainda no dia 22, aconteceu a terceira e última mesa-redonda, dedicada à Produção Audiovisual e Educomunicativa Indígena, com mediação do membro do Grupo de Pesquisa, Educom-Jor, João Alencar. O professor Dr. Mário Ramão Villalva destacou a experiência do projeto “Educomunicação e Cultura Guarani”, da Unila, que promove oficinas de rádio, fotografia e vídeo. O professor Dr. Gilson Costa apresentou práticas de resistência na produção audiovisual Xavante. Já a documentarista e professora da Bournemouth University, Dra. Carolina Machado Oliveira, compartilhou sua trajetória em produções exibidas na América Latina, Reino Unido e Europa, refletindo sobre o uso da mídia como ferramenta de advocacy e transformação social.

O encerramento ocorreu no sábado (23), no auditório do campus de Barra do Bugres da Unemat, com uma roda de conversa sobre produções de cinema indígena. A conversa foi mediada por Carolina Machado Oliveira, tendo como convidados quatro cineastas indígenas dos povos Ikpeng, Kuikuro, Xavante e Myky que falaram sobre sua trajetória na produção audiovisual e os desafios para serem reconhecidos como cineastas na sociedade contemporânea.

Kamatxi Ikpeng, que integrou a equipe de audiovisual e participou como técnico de áudio na gravação do CD Yumpuno Eremrï (Os Cantos do Yumpuno), e como co-diretor e câmera do filme Tximna Yukunang Som (Gravando Som).

Takumã Kuikuro, cineasta, idealizador do 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena e fundador do Coletivo Kuikuro de Cinema e presidente do Instituto da Família do Alto Xingu (Ifax).

Typju Myky, que atua na produção audiovisual desde 2015, a partir de oficinas de vídeo. Além disso, sempre acompanhou e organizou trabalhos internos, na coordenação de festas culturais, como o jogo de bola de cabeça. Fez o primeiro registro dessa festa em seu documentário, “Ãjãí, o jogo de bola de cabeça dos Myky e Manoki” (2019).

Também a participação de Caimi Waiassé Xavante, educador e um dos videomakers indígenas com maior tempo de atuação, ele que ocupa um papel fundamental dentro da sua comunidade, no registro dos momentos da vida Xavante (MT). Foram debatidos os desafios da produção, a importância da circulação das obras e o fortalecimento da autonomia narrativa dos povos indígenas.

Grupos de trabalhos

As tardes dos dois primeiros dias reuniram pesquisadores de diversas regiões do país, com a apresentação de trabalhos remotamente. No primeiro os trabalhos foram apresentados em três grupos com o objetivo promover o debate e o intercâmbio de conhecimentos, agregando saberes e produzindo novas reflexões: a primeira sessão do GT 5 – Interface comunicação, educação e meio ambiente; e os GT 1 (Interculturalidade indígena na Educação Básica) e GT 2 (ODS, Extensão Universitária e Território). No segundo dia, foi a vez do GT 4 (Áreas educomunicativas como exercício da cidadania) e da sessão 2 do GT 5.

Parceiros e financiamento

O IV Colóquio foi aprovado como um evento de porte médio e internacional, contando com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e de outros parceiros: Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai; Iandé Comunicação e Educação; da Unemat – Reitoria e Pró-Reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) e de Ensino de Graduação (Proeg), do Setor de Transporte, dos Câmpus Universitários de Cáceres, de Tangará da Serra e de Barra do Bugres; e da Agionov.

Com a correalização do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino em Contexto Indígena Intercultural – PPGECII, o Educom.Jor também se articulou à Faculdade Indígena Intercultural – Faindi em Barra do Bugres.

Texto | Itânia Macedo